Vila Olímpica de 1936
Vila Olímpica de 1936
Complexo arquitetônico para alojar os atletas das Olimpíadas de 1936 |
Arquiteto: Werner March |
Ano: 1934 – 1936 |
Além de apresentar uma funcionalidade moderna e impecável, a Vila Olímpica de 1936 deveria proporcionar uma atmosfera positiva e uma boa convivência entre os atletas das 46 nações que participariam dos jogos olímpicos entre os dias 1 a 16 de agosto daquele ano. Mas o real interesse do Dritte Reich era exibir ao mundo a imagem de uma Alemanha forte, unida, pacífica e tolerante, mascarando as suas intenções fascistas e racistas.
Esta área idílica, na pequena cidade de Elstal a 16 km do Estádio Olímpico e longe da confusão urbana, já estava, porém, predestinada ao uso militar. O terreno havia sido cedido pelas forças armadas, assim como estas também foram responsáveis pelo financiamento das obras. Havia então um comprometimento na elaboração deste espaço com a sua próxima utilização, como base militar.
Para criar o que seria um “paraíso” da boa convivência e harmonia, o arquiteto Werner March (o mesmo que projetou o Estádio Olímpico de Berlim) propôs nestes 540.000 m2 um projeto de assentamento no qual os edifícios representativos – a recepção, o refeitório e os esportivos -, dispostos em 3 extremidades do terreno, criavam uma implantação triangular. Tanto os eixos que levavam estes edifícios ao centro do terreno quanto esta própria área central eram espaços livres, onde se localizava apenas um coreto para as apresentações musicais diárias. Ao lado desta área central, em um ponto mais elevado, estava o café, um espaço de descontração e relaxamento com vista para a paisagem e para um lago artificial com pássaros e animais trazidos do zoológico de Berlim. Até uma sauna à margem deste lago foi prevista em consideração aos atletas finlandeses. Ao longo desses eixos foram dispostas as 145 edificações de apenas 1 andar, com 12 quartos cada, que serviam para acomodar os 3.738 esportistas masculinos.
Como a Vila Olímpica se situava longe do Estádio Olímpico, foi necessário a construção de equipamentos esportivos para que os atletas pudessem fazer seus treinamentos normalmente. Assim, a vila dispunha de um ginásio, uma piscina coberta e aquecida e um campo de atletismo. O edifício que abrigava a piscina possuía em uma de suas fachadas longitudinais gigantescas portas em estrutura metálica e vidro que, com um sistema automático, corriam verticalmente, uma sensação para a época.
O edifício da recepção, Halle der Nationen, (Hall das Nações), localizado ao sul, com uma planta em curva marcava o acesso à Vila. Nele se encontravam a administração e os vários balcões de atendimentos, individuais para cada equipe.
Impressionante ainda era o edifício do refeitório, “Speisehaus der Nationen” (refeitório das Nações) que possuía 38 cozinhas integradas à sua própria sala de refeição, uma para cada país. A situação desta edificação permitia que da varanda do terceiro andar se avistasse o Estádio Olímpico. Além do refeitório, este complexo abrigava espaços de apoio à infraestrutura da Vila, como as máquinas de aquecimento, as salas de abastecimento, garagens, oficinas e o corpo de bombeiro.
Entre o Hall das Nações e o lago se localiza o teatro Hindenburghaus (casa de Hindenburg) em estilo neoclássico que servia para apresentações teatrais, concertos e filmes propagandísticos.
Após as olimpíadas, como previsto, este complexo foi ocupado pelo exército. O refeitório se transformou em um dos mais modernos hospitais militares, o edifício da recepção em sede do comandante e dos oficiais militares, os alojamentos foram transformados em casas conjugadas de duas unidades para os soldados.
De 1945 a 1992, a Vila Olímpica foi ocupada pela militares russos. Na ausência de uma preocupação com a manutenção dos edifícios, iniciou-se um processo de demolição e substituição destes por construções pré-fabricadas. A recepção, a sauna, o coreto e o bar foram demolidos, o lago esvaziado e dos alojamentos restaram apenas alguns.
Quando em 1992 os russos devolveram o complexo para a cidade de Elstal, este se manteve no abandono e prosseguiram os deterioramentos causados por atos de vandalismo. Em 2006, a Fundação DKB se tornou responsável pela apropriação do espaço. Desde então o que restou da Vila Olímpica está sendo mantido e algumas medidas de preservação foram tomadas. A piscina coberta foi externamente reformada. O alojamento onde se hospedou o famoso atleta americano Jesse Owens foi recuperado e seu quarto mobiliado de acordo com o original.
Hoje a Vila Olímpica se encontra aberta ao público, mas apenas com as visitas guiadas é permitido o acesso ao interior dos edifícios ainda existentes.
Endereço
Rosa-Luxemburg-Allee 70
14641 Wustermark / OT Elstal
Como chegar
Trem Regional RE4 direção Rathenow direto até Elstal, da estação andar 1,5 km ou pegar o ônibus e descer na parada “Eulenspiegelsiedlung”
Horários de funcionamento
de 1. de abril a 31 de outubro
De segunda a sexta: de 10:00 às 16:00 hs
Sábados, domingos e feriados: de 10:00 às 18:00hs.
Visitas guiadas
De segunda a sexta: 11:00
Sábados, domingos e feriados: 12:00 e 15:00
Link
Fundação DKB