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1900 - 1910

Casa Riehl – 1. projeto de Mies van der Rohe

mar , 17

Casa Riehl |
Casa projetada para o casal Riehl, hoje propriedade particular |
Arquiteto: Ludwig Mies van der Rohe, 1886 – 1969 |
Ano: 1906 – 1907 |

Reforma e modernização |
O projeto de reforma se preocupou em respeitar ao máximo o original, mas infelizmente com a vedação da varanda parte do conceito principal foi alterado.
Arquiteto: Folkerts Architekten
Ano: 1998 – 2001

Recém chegado em Berlim, em 1906 Ludwig Mies trabalhava como desenhista no escritório do arquiteto de interiores e designer Bruno Paul (1874 – 1968) quando conheceu o casal Riehl. O professor de filosofia Alois Riehl (1844 – 1924) e sua esposa Sofia procuravam na ocasião um jovem arquiteto para projetar uma pequena casa de campo em um bairro burguês próximo a Berlim. Por indicação de Bruno Paul e por outras razões desconhecidas, o casal Riehl confiou este projeto a um jovem de 20 anos que na verdade nunca chegara a ter um diploma de arquiteto.

Neste primeiro projeto está evidente a influência das novas ideias acerca da arquitetura da virada do século XX na Alemanha. Bruno Paul, Hermann Muthesius (1861-1927) e outros arquitetos adeptos ao movimento de reforma do morar (Tradução literal de Wohnreformbewegung) exprimiam a importância dos jardins e da natureza como proporcionadores de qualidade de vida. Estes deveriam estar completamente associados à arquitetura. Muthesius afirmou que “sendo a casa arquitetura, o jardim também o deve ser. E tomando-se a palavra “arquitetura” em sua mais comum generalidade, de maneira que ela abranja em sua plena forma as composições e configurações humanas, assim a concepção do jardim tem que pertencer necessariamente à arquitetura. As mesmas normas presentes na casa, a mesma relação orgânica entre as partes, a mesma concentração das unidades em um harmonioso todo…têm fundamentalmente também que pertencer ao jardim.” (Tradução livre, Landhaus und Garten, 2. edição, 1910)

Mies dividiu o terreno levemente inclinado em dois níveis e assentou a casa e o jardim de flores em um platô no nível superior. A casa está situada ao máximo no limite norte / oeste do terreno para otimizar a entrada de luz ao sul e leste onde estão os quartos e a sala. Ao contrário das vilas contemporâneas da vizinhança, dispostas imponentes sobre o terreno com seus elementos neoclássicos, em estilo renascentista, com torres ostentosas ou até leões assírios, Mies propõe uma casa simples em um estilo que faz lembrar as casas alemãs do séc. XIX. A fachada principal de acesso ao hall da casa está voltada para a lateral (sul) do terreno onde se encontra o jardim de flores. Esta fachada é assimétrica e o jardim acompanha essa assimetria. Separado do interior da casa apenas por um degrau, o jardim se relaciona com esta em uma situação de continuidade e integração com sua arquitetura.

À direita da fachada principal, ao leste, está a varanda vinculada ao hall de entrada. Sua parede é ao mesmo tempo a extensão do muro divisor dos dois níveis do terreno. No nível inferior, onde a topografia natural do terreno foi mantida, se encontra o jardim composto por um gramado e mais abaixo por um bosque. Esta informalidade contrasta com a concepção geométrica do jardim de flores do nível acima. Há um diálogo entre as diferentes funções destes jardins e novamente uma correspondência destes com a arquitetura em um todo gerando uma unidade.

Com vista para o lago Griebnitzsee, o terreno possui uma localização privilegiada. Mies usa com consciência o posicionamento da varanda e do muro de forma a controlar esta vista panorâmica. A varanda como expansão do hall, enquadra a paisagem e quebra propositalmente a continuidade espacial do interior com o exterior e, por sua vez, abre a experiência para a paisagem mais distante. Se nota aqui uma influência da arquitetura romântica do sec.XIX, precisamente de Karl Friedrich Schinkel (1781 – 1841), na qual o uso de colunas nos espaços externos e nas varandas eram usadas para este fim.

No interior da casa observa Muthesius a influência do movimento inglês de vanguarda do final do séc. XIX Arts and Craft, como por exemplo no despojamento em ornamentos do hall de entrada. Concebido de forma inusitada para a época o hall é na verdade um generoso salão a partir de onde se distribuem os outros cômodos. Era aí que se encontrava o piano e este espaço era transformado em um lugar de acolhimento e acontecimentos. Conhecida como “Klösterli”, pequeno mosteiro, esta pequena casa de campo era um lugar de encontros, onde o casal Riehl recebia os amigos. Mies foi acolhido pelo casal e integrado ao grupo de filósofos, artistas, arquitetos e outros vários intelectuais, o que nos faz questionar até que ponto este encontro influenciou as ideias do futuro Ludwig Mies van der Rohe.

Endereço
Spitzweggasse 3
14482 Potsdam

Como chegar
Ônibus 603, 616  – parada Karl-Marx-Str./Behringstr

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